Volume 63, Número 3Maio/Junho de 2012

In This Issue

O Sintetista
alfredo carlo
Saleem H. Ali participou do Fórum Econômico Mundial deste ano em Davos, na Suíça, como um dos 190 Jovens Líderes Globais do FEM. "Encontrar maneiras pelas quais o meio ambiente pode ajudar a desenvolver nossas economias ao mesmo tempo em que conflitos são mitigados continua a ser um compromisso pessoal e profissional para mim", diz ele.

"A ganância não é ruim," diz Saleem H. Ali. Se isso soa estranho vindo de um professor de estudos ambientais que também é diretor do Instituto de Diplomacia e Segurança Ambiental da Universidade de Vermont(uvm), Ali irá explicar que a ganância não é simplesmente avareza. É parte do nosso "impulso do tesouro", que alimenta não só o nosso desejo de coletar e consumir, mas também a nossa missão de inovar e descobrir "novas formas de aproveitar materiais e energia para melhorar a condição humana". O desafio de hoje, diz ele, é focar este impulso em desafios globais.

"A poluição é um grande problema, assim como as pessoas que morrem de fome e a pobreza", diz ele. "Se você realmente valoriza a existência humana e a qualidade de vida, a busca por inovação deve sempre estar presente".

No seu livro de 2010, Treasures of the Earth: Need, Greed, and a Sustainable Future, ele explorou estas e outras idéias extraídas amplamente da geologia, economia, ecologia e psicologia. Entre elas estão conceitos como "consumo sustentável", "cadeias de subsistência" e "contabilidade elementar". Este último conceito tem sido utilizado de maneira pioneira na indústria de mineração, através de iniciativas como o Processo de Kimberly, de 2003, que rastreia os diamantes a fim de evitar que a indústria inadvertidamente financie conflitos armados. Isto transforma governos e empresas em parceiros no rastreamento de recursos, pode melhorar a consciência do comprador e ajuda a manter os "diamantes de sangue" fora dos mercados internacionais.

Nascido em New Bedford, Massachusetts, Ali passou parte de sua infância no Paquistão, terra natal de seus pais, e ele credita a experiência pelo seu amor de reunir diversas idéias para produzir algo novo. Por exemplo, ele diz, ele aprendeu a enxergar a indústria de reparação e serviços do Paquistão sob a ótica da sustentabilidade: Essas inúmeras pequenas empresas, muitas vezes informais, não apenas consertam o que poderia ser descartado em aterros sanitários mas também geram empregos.

Isto leva a noções mais amplas, como a "ecologia industrial", onde o objetivo é "tornar resíduos obsoletos, quer sejam materiais ou energia. isto está baseado na premissa de que a indústria é uma parte permanente do planeta, por isso deve ser pensada como parte do sistema natural", diz Ali.

sally mccay / university of vermont

Tais posições muitas vezes o coloca em desacordo com o que ele chama de "a narrativa anti-tecnologia" entre os ambientalistas. "A tecnologia pode ser mal utilizada", diz ele, "mas é preciso buscar constantemente novas maneiras de melhorar a condição humana". Ele cita o Kalundborg Symbiosis, na Dinamarca, onde as diversas indústrias "tornaram-se mutuamente benéficas usando os subprodutos e a energia descartados por uma como matéria-prima para outra". Kalundborg, no entanto, não se desenvolveu somente por parcerias industriais: O governo forneceu catalisadores na forma de impostos elevados para aterros, água e energia, e é este tipo de parceria que Ali muitas vezes defende, as melhores para estimular a inovação.

Seu "pensamento corajoso" como seu colega de uvm Thomas Hudspeth chama, está levando Ali a um reconhecimento global. No ano passado, o Fórum Econômico Mundial o nomeou um "jovem líder global" - ele ainda não tem 40 anos - e a revista britânica The Observer Magazine o incluiu entre os 20 "gigantes verdes" que irão "definir a agenda ambiental global no próximo ano". A revista Seed, em 2007, o colocou entre uma lista de oito "mentes revolucionárias mundiais".

O enfoque multidisciplinar de Ali é essencial, diz Hudspeth. Antes de sua cátedra, acrescenta ele, Ali "trabalhou para empresas Fortune 500, então ele tem uma perspectiva privilegiada tanto sobre o negócio como sobre o meio ambiente." Hudspeth, assim como Ali, percebe que seu campo de estudos ambientais exige cada vez mais que seus estudantes se tornem conhecedores de ciências e engenharia, a fim de compreenderem as complexidades ambientais.

Peace Parks é o título de um livro de Ali editado em 2007 que ofereceu uma análise de alguns dos 188 parques do mundo que atravessam fronteiras internacionais e propôs um guia passo-a-passo para a sua criação e reforço. Parques da paz, diz Ali, reduzem o conflito político através da cooperação ambiental e de recursos.

"Se você se concentrar sobre o meio ambiente como uma quantidade ao invés de uma qualidade, você vai lutar por ele. Para assegurar a sua qualidade, você vai cooperar", diz ele. Este trabalho contribuiu para a sua escolha como um "explorador emergente" em 2010 pela National Geographic Society.

Quando a Universidade da Paz da NU, fundada na Costa Rica em 1980, desejou desenvolver um currículo chamado Educação de Paz: Perspectivas Islâmicas, Amr Abdalla, professor e vice reitor, veio até Ali. "Uma vasta população de muçulmanos depende, em grande medida, de sua compreensão sobre sua religião para guiar todos os aspectos de suas vidas. Nós não vemos nenhuma contradição entre o Islã e disciplinas como paz, conflitos e meio ambiente", diz Abdalla.

"Um alto padrão de responsabilidade ambiental", acrescenta ele, ajuda as pessoas a "se afastarem de uma atitude focada em seus próprios interesses específicos em sentido a uma compreensão esclarecida de seus próprios interesses dentro de um sentido mais amplo de responsabilidade para com o meio ambiente, com base em seus ensinamentos religiosos". No Paquistão, o currículo será ensinado como um programa experimental, juntando crianças de escolas públicas, privadas e religiosas para que estudem umas com as outras; nos EUA, a Zaytuna Academy, com sede na Califórnia, irá levar o programa até as escolas muçulmanas.

Para Samir Doshi, um ex-aluno de Ali e agora em seu pós-doutorado na Queen's University, no Canadá, Ali é um iconoclasta. "Saleem sempre questiona as convenções. Já vi [ele] advogar para o diabo com o efeito que uma comunidade ou parte interessada alcança uma melhor compreensão sobre aqueles que não concordam com eles. Este é um aspecto que o torna tão eficaz na resolução de conflitos e negociações. É também uma qualidade muito necessária para o planejamento ambiental e o desenvolvimento sustentável".

Naazish YarKhan Naazish YarKhan é uma estrategista de conteúdo, escritora e editora com um mestrado em comunicação. Escreveu extensivamente para mídias, incluindo a National Public Radio, The Huffington Post, Chicago Tribune e Common Ground News Service.

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--Os Editores

This article appeared on pages 12-13 of the print edition of Saudi Aramco World.

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